A crise derreteu vagas nos segmentos metalmecânico, siderúrgico e de petróleo, que representam cerca de um terço dos empregos na indústria de transformação do Estado. São 53,8 mil empregos a menos em 12 meses. Além da quantidade, são profissionais qualificados, com bons salários. Um segmento promissor encolhe e reduz a renda. Levantamento feito com os principais sindicatos do Estado, indica que a abrasão, principalmente na metalurgia, predominante entre os três segmentos no Rio Grande do Sul, pode ser ainda maior.
Em 12 meses, o desemprego na Região Metropolitana saltou de 4,9% para 7,37% da população ativa, mas o cenário tem piorado de forma drástica nos últimos meses.
“O rápido avanço do desemprego se deu basicamente pela destruição das vagas, a maior parte na indústria. Com altos custos trabalhistas, as grandes indústrias têm testado estratégias para evitar demissões, como banco de horas (o funcionário trabalha menos dias por semana e compensa quando a demanda voltar a crescer) ou layoff (suspensão do contrato de trabalho por até cinco meses), mas as de pequeno porte, com margens menores de lucro, ficam mais expostas à crise, afirma Julio Sergio Gomes de Almeida, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial . “O encolhimento da indústria é impressionante levando em conta, principalmente, o curto tempo. Foi de longe o setor mais afetado, e não há perspectiva de melhora no curto prazo”, avalia Gomes de Almeida.
O cenário dos próximos meses é confuso não apenas para os trabalhadores, que temem a perda do emprego, mas também para especialistas que acompanham o ritmo do mercado de trabalho a partir de suas planilhas.
A grande dúvida é saber quanto das demissões deste ano antecipa a perspectiva de recessão também em 2016 ou se a redução na atividade ainda vai gerar mais dispensas. “Devemos chegar a uma taxa de desemprego no final de 2015 próxima a 8% da força de trabalho, e a tendência é de continuar em alta. Já os salários, considerando essa aceleração da inflação, devem ter uma queda real de 4%. Vamos acabar chegando, no final de 2016, a uma taxa próxima de desemprego a 11% se o governo persistir na tarefa de corrigir os erros cometidos no passado” avalia José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio.
O desânimo não é só de funcionários. Empresários veem com pessimismo o ritmo da economia. Gilberto Petry, Presidente do Sindicato das Indústrias Metalúgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletrônico do RS, afirma que a indústria não chegou ao fundo do poço e prevê mais demissões em 2016.